Calisto, a constelação da Ursa Maior
Mitologia Grega

Calisto, a constelação da Ursa Maior




Calisto era filha de Licaon, um fanático que foi transformado em lobo. Licaón tivera quase 50 filhos que eram tão cruéis quanto o próprio pai e se tornaram famosos por sua insolência e seus crimes. Tão logo ficou sabendo das barbaridades dos filhos de Licaón, Zeus se disfarçou de um velho mendigo e foi ao palácio dos Licaónidas para comprovar os rumores.

Os jovens príncipes tiveram a ousadia de assassinar o próprio irmão Níctimo e servir suas entranhas ao hóspede, misturadas com entranhas de animais. Zeus descobriu a crueldade e enfurecido converteu todos em lobos, exilando-os. Apenas Calisto, a bela ninfa filha de Licaón por quem Zeus se apaixonou, foi poupada.

Zeus e Calisto tiveram um filho, Arkas. Não suportando a traição, a ciumenta esposa de Zeus transformou Calisto numa enorme ursa e assim ela fugiu para a floresta. Às vezes Calisto vagava durante as noites ao redor de sua casa com a esperança de ver seu filho, mas ela agora não podia mais conviver no meio dos homens e seu espírito não admitia a possibilidade de conviver com as embrutecidas feras.

Hera tirou-lhe a voz e Calisto tentava lutar contra seu destino tentando despertar a piedade dos deuses, apesar disso, ela só conseguia rugir. Sua vida era repleta de medo dos caçadores que rodeavam sua antiga casa e ela temia as noites que passava sozinha. Temia as feras embora ela mesma fosse uma delas.

O tempo passou e seu filho Arcas cresceu transformando-se em um belo jovem. Certo dia, em uma de suas caminhadas pelo bosque, Calisto reconheceu seu filho Arkas, um homem caçador. Envolvida pela emoção Calisto quis abraçá-lo, mas foi tomada de pavor quando Arkas ergueu a lança para desferir-lhe um golpe certeiro. Ela quis falar com o filho mas de sua garganta saiu apenas um terrível rugido. Arkas esteve frente à sua mãe mas logicamente não a reconheceu.

Aterrorizado Arkas preparava uma flecha para acertar a Ursa mas Zeus compadeceu-se do amor de mãe filho separados e transformou-a na Constelação da Ursa maior. Para que estivessem sempre juntos, Arkas foi transformado na constelação da ursa menor, o guardião da ursa.

Indignada com a interferência e as honras concedidas a Calisto e Arkas, Hera empurrou os dois para perto do pólo norte onde as estrelas seriam sempre visíveis, mas mãe e filho nunca teriam descanso. Hera ainda pediu a Tétis que jamais permitisse que as duas constelações mergulhassem nas águas puras do oceano. Por essa a razão, as duas constelações movem-se sempre em circulos no céu ao contrário de outras que estão sempre junto à linha do horizonte.

Junto a elas colocou a constelação do Boieiro para que não as deixe afastar do pólo gelado. Arcturo, a brilhante estrela do Boieiro, ficou de guarda às ursas para que não se afastassem do gélido pólo. O vocábulo «Ártico» significa «norte» e Arcturo têm a mesma origem grega.

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A Ursa Maior e Ursa Menor, estando perto do pólo, são sempre visíveis nas noites de quase todo o hemisfério norte, por isso são chamadas constelações circumpolares. O asterismo das sete estrelas da Ursa Maior, sendo claramente reconhecível, é de uma grande ajuda para nos orientação no céu. Na cauda da Ursa Maior está a famosa estrela Polar.

Na antiguidade, as estrelas serviam de orientação para os gregos, para as caravanas que atravessavam os desertos e os marinheiros em alto mar. Os diversos padrões que formavam nos céus levou os antigos a nomearem as estrelas conforme as figuras que lhes pareciam: animais, cabeleiras, homens, mulheres etc. Às constelações, os gregos deram o nome de figuras mitológicas, sendo algumas delas parte do Zodíaco.

No hemisfério norte, as mais conhecidas são as constelações boreais da Ursa Maior e da Ursa Menor, também chamadas de Grande Carro ou Carro de David e Pequeno Carro. Embora a constelação da Ursa Maior seja muito grande, são as suas brilhantes sete estrelas desenhando um quadrado e uma cauda no azul-escuro do céu noturno que a tornam tão útil e conhecida. Prologando cinco vezes as guardas da Ursa Maior, está a Estrela Polar na cauda da Ursa Menor, que há mais de 2000 anos nos indica o Norte.

A Ursa Maior é conhecida por vários nomes conforme as tradições dos povos que por ela se orientam. Assim, na França chamavam de Caçarola, na Inglaterra era O Arado ou a Biga do Rei Artur e na Europa Medieval, de Carruagem ou Carroça. Na Índia, era chamada de Os Sete Sábios. Na China era chamada de ?Pei-To? e as suas sete estrelas representavam uma concha que oferecia comida nos tempos de fome.

Os egípcios a associavam à imortalidade, pois as suas estrelas visíveis todo o ano representavam a vida eterna. Na mitologia nórdica é O Carro ou Carruagem de Odin puxada por 3 cavalos. Para os índios Cherokee as estrelas representavam um grupo de caçadores que perseguiam um urso desde o princípio da Primavera até ao Outono. Os árabes viam nela uma caravana.

A Ursa Maior tem alguns objetos notáveis. Em boas condições de observação nota-se que a estrela no meio da cauda não é apenas uma estrela, mas sim duas. Os gregos e os árabes usavam essas duas estrelas como teste de visão. A estrela da cauda se divide em duas: as célebres Mizar e Alcor. Estas duas estrelas não estão fisicamente associadas. A sua proximidade é aparente para observadores sobre a Terra e são chamadas binárias visuais, mas um telescópio permite mostrar que Mizar é um sistema binário, composto por duas estrelas brancas gêmeas que se orbitam mutuamente.

Um outro objeto interessante da Ursa Maior é a galáxia M 81, facilmente visível com binóculos e que revela uma estrutura espiral com braços bem marcados. É um dos grandes espectáculos do céu, mesmo com telescópios modestos. Calisto foi também o nome dado a uma das luas de Júpiter, a terceira maior do nosso Sistema Solar, descoberta em 1610 por Galileu Galilei, mas assim nomeada por Johannes Kepler.





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