Eros, filho da penúria e da esperteza
Mitologia Grega

Eros, filho da penúria e da esperteza




Porus - o esperto, era uma personificação da riqueza, filho de Métis - a deusa da Prudência e irmão de Athena - a deusa a estratégia. Na festa em honra ao nascimento de Afrodite, os deuses fizeram um grande banquete e Penia, a penúria e deficiência, foi mendigar as sobras da festa.

Encontrando Porus nos jardins embriagado pelo néctar dos deuses, pela carência em que se encontrava de tudo o que em Porus tinha abundância, Penia uniu-se a ele. Assim ela concebeu Eros, que se tornou seguidor de Afrodite porque foi gerado durante sua festa e também porque era por natureza amante da beleza.

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Devido à união da pobreza e riqueza, o amor tem o caráter de estar sempre ávido de algo, ao mesmo tempo em que sente-se pleno. Por ser filho de Porus - a riqueza e Penia - a penúria e pobreza, Eros está muito longe de ser belo como todos pensam. Eros, na realidade, é rude, sujo, anda descalço, não tem lar, dorme no chão frio e duro junto aos umbrais das portas ou nas ruas, sem leito nem conforto. É a natureza de sua mãe. Por influência da natureza que recebeu do pai, Eros dirige a atenção para tudo que é belo e gracioso: é bravo, audaz, constante e grande caçador. Está sempre a deliberar e planejar suas ações, a desejar e adquirir conhecimentos.

Sua vida é a do grande feiticeiro, mago e sofista. Não vive e propriamente não é mortal e nem mortal. Ora floresce e vive, ora morre e renasce graças aos dons recebidos pela herança paterna. Rapidamente passam pelas suas mãos os proveitos que lhe trazem a sua esperteza, assim, nunca se encontra em completo estado de miséria nem tampouco na opulência.

Oscila entre a sabedoria e a tolice. Como os deuses, não deseja ser sábio. Como os tolos, tem o defeito da tolice. Considera-se perfeito, enquanto na realidade não seja nem justo nem inteligente. O mito do nascimento de Eros é usado por Platão para ilustrar a característica fundamental do amor: a insuficiência. E quem não se considera incompleto e insuficiente, não deseja aquilo cuja falta não pode notar. Ama-se quando se deseja algo que não se tem e por isso o amor pode ser considerado filósofo. De fato, assim como o amor não tem a beleza mas a deseja, o filósofo aspira a sabedoria porque não a possui. Portanto, o amor é essencialmente uma necessidade não satisfeita, a percepção da falta de alguma coisa essencial para a própria completude.

O pleno gozo, oriundo da mãe, é interditado pelo pai. A partir daí, cada homem vive uma busca constante por sanar sua incompletude. Cada mulher é uma tentativa, sempre fracassada, de saciar seu desejo primordial. Dessa dialética entre carência e astúcia move-se o desejo, agitando Eros infinitamente. Filho da penúria e da esperteza, o amor é medicante mas cheio de artimanhas...





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