Oceanus, o deus de todos os mares
Mitologia Grega

Oceanus, o deus de todos os mares



Os Titãs representam as manifestações elementares em evolução e uma dessas forças indomáveis era o Titã Oceanus, descrito como um homem de corpo musculoso com longas barbas, garras de caranguejo na cabeça e cauda de uma serpente. Filho de Urano e Gaia, concebido inicialmente como um rio que serpenteava a Terra, Oceanus era a água personificada que rodeava o mundo. Era o rio cósmico original passando depois a representar o Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo. 

Com a evolução dos conhecimentos geográficos, Oceanus passou a representar todas as águas salgadas desconhecidas, enquanto Poseidon reinava o Mediterrâneo. Na maioria das variantes do mito da guerra entre os Titãs e os Deuses Olímpicos ou Titanomaquia, Oceanus foi um dos que não se envolveu contra os Olímpicos, tendo se mantido afastado do conflito. Oceanus também teria recusado aliar com Cronos na sua revolta contra seu pai Urano.

Do seu casamento com Tétis, que simbolizava a fecundidade feminina do mar, nasceram as ninfas dos mares ou Oceânides, que personificavam os rios, riachos, fontes e nascentes. Também nasceram as Nereidas além de todos os seres marinhos que tomavam parte ativa nas aventuras dos deuses, tal como os golfinhos. E assim, Oceanus e Tétis passaram a representar o fluir das águas e da vida.

As oceânides eram representadas coroadas de flores acompanhando a concha de sua mãe Tétis em seus cortejos marítimos e viviam nos fundos inacessíveis do mar e do Oceano. Elas se uniram a deuses e mortais criando uma nova descendência numerosa. Seres semidivinizados e objetos de culto, às oceânides eram oferecidos sacrifícios, tais como touros e cavalos lançados em sua correnteza.

Os mais prestigiados eram os deuses-rios. Os gregos representavam o Nilo como um deus que fertilizou o Egito. Os deuses-rios Nilo e Escamandro geraram outras ninfas ao se unirem com outros elementos. Os rios do Hades simbolizavam os tormentos dos condenados como Aqueronte, o rio das dores. Cocito era o deus-rio dos gemidos e das lamentações e Lete a deusa-rio do esquecimento.

O deus-rio Achelous e Melpômene geraram as Sereias e de outros amores nasceram várias fontes, como a Castália em Delfos utilizada na preparação da pitonisa do Oráculo de Apolo. Alguns rios ainda simbolizam o grande rio cósmico, como o Jordão na Palestina, o Nilo no Egito e o Ganges na Índia.

Entre as oceânides estavam incluídas também: as Néfelas - ninfas das nuvens, as Auras - ninfas das brisas, as Náiades - as ninfas das nascentes, as Limoníadas - ninfas dos pastos, as Antusas - ninfas das flores. Outro grupo de oceânidas eram descritas como assistentes das deusas olímpicas, sendo mais conhecidas: as 60 companheiras de Ártemis, Peitho - a criada de Afrodite e Clímene - a aia de Hera. 


 Algumas das oceânidas personificavam bênçãos divinas, tais como Métis (Sabedoria), Clímene (Fama), Pluto (Riqueza), Tique (Boa Sorte), Telesto (Sucesso) e Peitho (Persuasão). A deusa Nêmesis (Retribuição) às vezes também é incluída, como a que providenciava equilíbrio aos dons de suas irmãs punindo a boa sorte não merecida. Esses bons daimones eram os Agathoi ao contrário dos Kakoi, que eram maus daimones. Na Teogonia eram descritas 3.000 oceânidas , tantas quantas seus irmãos, os deuses-rios e nomeia outras 41 oceânidas chamadas de "áureos tornozelos".

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Os rios sempre foram vistos como uma potência misteriosa, por isso provocam veneração e também medo. Assim surgiu os conselhos para que ninguém ousasse atravessar um rio sem determinados ritos. 

Hesíodo aconselhou: "não atravessem teus pés as magníficas correntes dos rios eternos. Antes, com os olhos cravados em seu curso, faz uma prece e lava tuas mãos nas águas frescas e límpidas. O rio e seu escoamento de água é a imagem da fertilidade e renovação, mas também de morte. A descida para o Oceano representa o reencontro das águas."

Os rios podem bem representar a existência humana em seu fluir, na sucessão de sentimentos e na multiplicidade de desvios. O filósofo Heráclito acreditava nessa continuidade quando dizia que tudo está em mudança e nada permanece parado ou inalterado.

Comparando o que existe à corrente de um rio, o filósofo ainda dizia que nunca iremos penetrar duas vezes no mesmo rio. Se o rio corre, seu fluxo muda. Nunca tocaremos nas mesmas águas e também já não seremos os mesmos. A vida flui como um rio, tudo que passa não volta porque segue a correnteza. Tal qual Oceanus, temos de filtrar as nossas escolhas, ambientes, situações e sentimentos, pois o que fazemos de nossa vida irá tecer o nosso destino.





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