Tros e Tântalos, a responsabilidade das decisões
Mitologia Grega

Tros e Tântalos, a responsabilidade das decisões




Trós era um próspero rei das Frígia, hoje chamada Turquia. Muito rico, seu tesouro não era feito de moedas mas de muitos rebanhos de carneiros e manadas de gado. Ele orgulhava-se especialmente de seus 3.000 cavalos, os mais belos do mundo. Quando Dárdano, o avô de Trós, instalou-se naquelas terras, tinha formado sítios na extensa planície desde o Monte Ida até o litoral, que foi herdado por Erictônio de Dardânia e posteriormente por seu filhoTrós.

Para proteger seu reino dos ataques das tribos errantes, Trós resolveu construir uma povoação defendida por fortes muralhas no Monte Ida. Dos morros distantes, esse era o monte mais elevado no centro da planície e terminava em um penhasco rochoso. De suas espessas muralhas se podia ver toda a planície e contemplar até as ondas do mar. Ali Trós fundou a cidade de Tróia.

O Rei Tros tinha três filhos: Ganimedes, o mais novo, Assáraco e Ilo o mais velho que herdou o trono. Os três filhos do rei trabalhavam arando os campos e cuidando dos cavalos e a cada ano as safras se tornavam melhores e crescia os rebanhos, tornando Tros o soberano mais rico de todos os reinos.

Já velho, Trós dividiu seu reino em 3 partes e deu a seus 3 filhos. Desde a infância, o filho caçula Ganimedes era o mais belo menino. Por ser o mais afetuoso de todos, era muito querido em Tróia e sempre saía pelos campos para caçar ou galopar. Aos 16 anos, Ganimedes saiu para os campos e nunca mais voltou, embora o rei tenha mandado mensageiros para procurá-lo.

Certo dia chegou um homem contando que havia visto uma grande águia voar levando em suas garras um rapaz parecido com o príncipe. Na verdade Ganimedes tinha sido raptado por Zeus mas logo deduziram que Ganimedes tinha sido raptado um bando do reino de Tântalo. O Rei Trós mandou uma mensagem a Tântalo exigindo devolução de seu filho, que interpretou a mensagem como uma provocação.

Tântalo era um homem rancoroso e invejoso da prosperidade de Trós e, ao ler aquela mensagem, viu uma oportunidade de atacar o reino da Frigia. Quando as duas nações se defrontaram no campo de batalha, o resultado foi diverso daquele que o Rei Tântalo previra. O povo de Dardânia venceu e derrotou os guerreiros do Rei Tântalo que também foi ferido.

Sem alternativa, Tântalo mandou chamar seu filho Pélops para que partissem para outras terras. Levando seu pai, Pélops conduziu seu povo até o litoral. Sem mapas nem fronteiras, Pélops se aventurou no mar em barcos lentos porque tinham de esperar o vento soprar ou remar. Assim velejou até chegar ao sul da grande península grega que foi chamada de Peloponeso, nome que permanece até os dias atuais.

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O mito é uma realidade cultural extremamente complexa, que pode ser abordada e interpretada em perspectivas múltiplas e complementares, já que uma narrativa tem o propósito de levar à reflexão do comportamento humano. Os mitos estão perto do inconsciente coletivo e por isso são infinitos na sua revelação. Aquilo que os seres humanos têm em comum revela-se no mito.

Segundo Campbell, são histórias da nossa vida, da nossa busca da verdade, da busca do sentido de estarmos vivos. Os mitos são pistas para as potencialidades espirituais da vida humana, daquilo que somos capazes de conhecer e experimentar interiormente.

A idéia do determinismo expressa que algo ou alguém tem o controle de nossas vidas e que estamos impossibilitados de mudar o nosso destino. Sartre recusava a ideia do determinismo, demonstrando que o ser humano é livre quando escolhe as próprias ações, quando controla a própria vida e sabe que tem a possibilidade e o poder de mudá-la. A liberdade é algo condicionado por questões concretas, entretanto, ao tentarmos resolver os problemas e realizar os próprios projetos, temos escolhas.

A forma como fazemos as nossas escolhas é que determina a realização do que projetamos. Muitas vezes, por forças das circunstâncias, podemos eliminar algumas situações e ao mesmo tempo criamos outras. Assim, somos agentes ativos de nossa história e da história da humanidade.

Não podemos responsabilizar nem aos outros e nem aos deuses por nossos erros e acertos; podemos sim, sermos responsáveis pela nossa vida, por nossas escolhas, pelos caminhos que optamos seguir. Quando escolhemos algo, significa que teremos de abrir mão de outras. Essa é a responsabilidade da liberdade, e as duas são inseparáveis...





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