Adônis
Mitologia Grega

Adônis



Adônis
A figura de Adônis, estreitamente vinculada a mitos vegetais e agrícolas, aparece também relacionada, desde a antiguidade clássica, ao modelo de beleza masculina.
Embora a lenda seja provavelmente de origem oriental - adon significa "senhor" em fenício -, foi na Grécia Antiga que ela adquiriu maior significação.
De acordo com a tradição, o nascimento de Adônis foi fruto de relações incestuosas entre Smirna (Mirra) e seu pai Téias, rei da Assíria, que enganado pela filha, com ela se deitou. Percebendo depois a trama, Téias quis matá-la, e Mirra pediu ajuda aos deuses, que a transformaram então na árvore que tem seu nome.
Da casca dessa árvore nasceu Adônis. Maravilhada com a extraordinária beleza do menino, Afrodite (a Vênus dos romanos) tomou-o sob sua proteção e entregou-o a Perséfone (Prosérpina), deusa dos infernos, para que o criasse.
Mais tarde as duas deusas passaram a disputar a companhia do menino, e tiveram que submeter-se à sentença de Zeus. Este estipulou que ele passaria um terço do ano com cada uma delas, mas Adônis, que preferia Afrodite, permanecia com ela também o terço restante.
Nasce desse mito a idéia do ciclo anual da vegetação, com a semente que permanece sob a terra por quatro meses.
Afrodite e Adônis se apaixonaram, mas a felicidade de ambos foi interrompida quando um javali furioso feriu de morte o rapaz. Sem poder conter a tristeza causada pela perda do amante, a deusa instituiu uma cerimônia de celebração anual para lembrar sua trágica e prematura morte.
Em Biblos, e em cidades gregas no Egito, na Assíria, na Pérsia e em Chipre (a partir do século V a.C.) realizavam-se festivais anuais em honra de Adônis.
Durante os rituais fúnebres, as mulheres plantavam sementes de várias plantas floríferas em pequenos recipientes, chamados "jardins de Adônis". Entre as flores mais relacionadas a esse culto estavam as rosas, tingidas de vermelho pelo sangue derramado por Afrodite ao tentar socorrer o amante, e as anêmonas, nascidas do sangue de Adônis.

Adônis
A Mitologia Helênica é uma das mais geniais concepções que a humanidade produziu.
Os gregos, com sua fantasia, povoaram o céu e a terra, os mares e o mundo subterrâneo de Divindades Principais e Secundárias.
Amantes da ordem, instauraram uma precisa categoria intermediária para os Semideuses e Heróis. A mitologia grega apresenta-se como uma transposição da vida em zonas ideais. Superando o tempo, ela ainda se conserva com toda a sua serenidade, equilíbrio e alegria.
A religião grega teve uma influência tão duradoura, ampla e incisiva, que vigorou da pré-história ao século IV e muitos dos seus elementos sobreviveram nos Cultos Cristãos e nas tradições locais.
Complexo de crenças e práticas que constituíram as relações dos gregos antigos com seus deuses, a religião grega influenciou todo o Mediterrâneo e áreas adjacentes durante mais de um milênio.
Os gregos antigos adotavam o Politeísmo Antropomórfico, ou seja, vários deuses, todos com formas e atributos humanos. Religião muito diversificada, acolhia entre seus fiéis desde os que alimentavam poucas esperanças em uma vida paradisíaca além túmulo, como os heróis de Homero, até os que, como Platão, acreditavam no julgamento após a morte, quando os justos seriam separados dos ímpios.
Abarcava assim entre seus fiéis desde a ingênua piedade dos camponeses até as requintadas especulações dos Filósofos, e tanto comportava os excessos orgiásticos do culto de Dioniso como a rigorosa ascese dos que buscavam a purificação. No período compreendido entre as primeiras incursões dos povos helênicos de origem Indo-européia na Grécia, no início do segundo milênio a. C., até o fechamento das escolas pagãs pelo imperador bizantino Justinianus, no ano 529 da era cristã, transcorreram cerca de 25 séculos de influências e transformações.
Os primeiros dados existentes sobre a religião grega são as Lendas Homéricas, do século VIII a. C., mas é possível rastrear a evolução de crenças antecedentes. Quando os indo-europeus chegaram à Grécia, já traziam suas próprias crenças e deuses, entre eles Zeus, protetor dos clãs guerreiros e senhor dos estados atmosféricos.
Também assimilaram cultos dos habitantes originais da península, os Pelasgos, como o oráculo de Dodona, os deuses dos rios e dos ventos e Deméter, a deusa de cabeça de cavalo que encarnava o ciclo da vegetação. Depois de se fixarem em Micenas, os gregos entraram em contato com a civilização cretense e com outras civilizações mediterrâneas, das quais herdaram principalmente as divindades femininas como Hera, que passou a ser a esposa de Zeus; Atena, sua filha; e Ártemis, irmã gêmea de Apolo.
O início da filosofia grega, no século VI a.C., trouxe uma reflexão sobre as crenças e mitos do povo grego. Alguns pensadores, como Heráclito, os Sofistas e Aristófanes, encontraram na mitologia motivo de ironia e zombaria. Outros, como Platão e Aristóteles, prescindiram dos deuses do Olimpo para desenvolver uma idéia filosoficamente depurada sobre a divindade. Enquanto isso, o culto público, a religião oficial, alcançava seu momento mais glorioso, em que teve como símbolo o Pártenon ateniense, mandado construir por Péricles.
A religiosidade popular evidenciava-se nos festejos tradicionais, em geral de origem camponesa, ainda que remoçada com novos nomes.
Os camponeses cultuavam Pã, deus dos rebanhos, cuja flauta mágica os pastores tentavam imitar; as ninfas, que protegiam suas casas; e as nereidas, divindades marinhas.
As conquistas de Alexandre o Grande facilitaram o intercâmbio entre as respectivas mitologias, de vencedores e vencidos, ainda que fossem influências de caráter mais cultural que autenticamente religioso.
Assim é que foram incorporadas à religião helênica a deusa frígia Cibele e os deuses egípcios Ísis e Serápis.
Pode-se dizer que o sincretismo, ou fusão pacífica das diversas religiões, foi a característica dominante do período Helenístico.

Adônis
A lenda de Adônis, popular nas épocas helenística e greco-romana, é certamente originária da Ásia Ocidental.
Adônis grego baseou-se no Tammuz babilônico, que por sua vez remonta ao Dummuzi sumeriano, consorte de Innana.
Adônis pode ser equiparado a divindades orientais que desempenham o papel de filho e/ou consorte de numerosas deusas mães, como Inanna, Ninhursag, Ishtar e Astarte, entre outras (Campbell, 1994).

Mirra e Adônis

Mirra, filha do rei da Síria, apaixonou-se pelo próprio pai e, através de estratagemas, conseguiu passar doze noites com ele. Mas o rei descobriu o engodo e, furioso, perseguiu a filha com a intenção de matá-la. Os deuses, porém, o impediram, transformando a princesa em uma árvore odorífera, a mirra.
Meses depois, o tronco da árvore abriu-se e dela saiu um menino de grande beleza, que recebeu o nome de Adônis.
A deusa Afrodite, impressionada com ele, recolheu-o e pediu que Perséfone, esposa de Hades, o criasse às escondidas. Quando ele se tornou adolescente, porém, Perséfone se apaixonou pelo rapaz, e não quis devolvê-lo a Afrodite, que também o queria.
O litígio entre as duas deusas teve de ser arbitrado por Zeus. O soberano dos deuses decidiu que o rapaz passaria um terço do ano com Afrodite, um terço com Perséfone e o outro terço com quem quisesse.
Resultado prático: Adônis passava dois terços do ano em companhia de Afrodite...

As rosas de Adônis

Adônis adorava caçar, e Afrodite frequentemente o acompanhava, em um carro puxado por cisnes. Certo dia, porém, quando caçava sozinho, um javali feroz feriu-o mortalmente. Algumas versões relatam que o javali era, na verdade, o ciumento deus Ares, amante de Afrodite; outras, que havia sido enviado por Ártemis, ou ainda por Apolo, por razões pouco claras.
Afrodite acorreu imediatamente, mas era tarde demais para salvar o rapaz. Entristecida, a deusa fez com que a anêmona, belíssima flor vermelha que floresce brevemente na primavera, brotasse do sangue derramado por ele. Relatos posteriores sustentam que, ao socorrer o jovem, Afrodite feriu-se em um espinho e seu sangue tingiu de vermelho as rosas, que até então eram somente de cor branca.





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