Eros e anteros
Mitologia Grega

Eros e anteros



Em uma versão, Eros nasceu pela intervenção de um poder divino e eterno, que como os elementos do próprio Caos, tem alguma conformidade com ele. É Eros que inspira ou produz esta invisível simpatia entre os seres, para os unir em outras procriações. O poder de Eros vai além da natureza viva e animada: ele aproxima, une, mistura, multiplica, dá variedade às espécies, em uma única palavra de toda a criação: o amor. Eros é o deus da união, da afinidade universal; nenhum outro ser pode furtar-se à sua influência ou à sua força: Eros é invencível.

Anteros (Anti-Eros) é irmão de Eros e a antitese de Eros, seu adversário no mundo divino. Anteros é a antipatia, a aversão. Ele tem todos os atributos opostos de Eros: Eros une, Anteros separa, desune e desagega. Tão forte e poderoso quanto Eros, Anteros impede que se confundam os seres da natureza dissemelhante. Se algumas vezes semeia em torno de si a discórdia e o ódio, prejudica a afinidade dos elementos, e pelo menos a hostilidade que entre eles cria, contém cada um nos limites marcados evitando que a natureza caia novamente no caos.

Tão difícil quanto descobrir a origem do mundo e dos homens, é definir as nuances do amor. Há muitos séculos, os filósofos tentaram explicar a criação do mundo. Para alguns, forças atuavam com os quatro elementos, terra, água, fogo e ar. Para os poetas, essa força era chamada de Eros, o Amor. Antes de ser representado como deus do Olimpo, Eros esteve presente nos mitos que contavam as primeiras criações do mundo e dos deuses, e que permitiu a aproximação dos seres.

O filósofo Platão chamou Eros de Daimon, uma espécie de ser espiritual que habitava entre os deuses e os homens. Na obra O Banquete, Platão conta sobre a união de Poros - o deus dos recursos e Pênia - a carência. Desse encontro teria nascido Eros, carente como a mãe, sempre em busca de algo que o satisfaça, mas com recursos para alcançar o que deseja, como o pai.

Na versão em que Eros é filho de Afrodite e Ares, queixando-se que seu filho continuava sempre criança, a deusa da prudência explicou que Eros era muito solitário e haveria de crescer se tivesse um irmão. Pouco tempo depois nasceu Anteros. Eros é o deus do amor; Anteros o deus da ordem. Eros cresceu e se tornou robusto e forte. Mas Anteros foi enviado para ser criado por um pescador, e quando Anteros partiu, Eros voltou a ser menino e nunca mais cresceu...

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O mito de Eros e Anteros mostra as fraquezas do amor. O amor quando sente-se carente busca conquistar o outro para preencher seu vazio. Amar o outro também é se preencher de amor, é aumentar o amor. Para crescer, o amor precisa ser partilhado e correspondido. Eros não crescia, até que nasceu Anteros. Eros precisava de um companheiro para aprender a compartilhar e conviver. Como seu próprio nome, Anteros = Anti-Eros, era o oposto de Eros. Seus poderes eram para ordenar, colocar uma ordem no amor.


Retratado assim, como um menino alado, Eros diverte-se ferindo os mortais e os deuses com suas flechas, como aparece em uma ode do poeta grego Anacreonte. Uma linda criança sob aparente inocência, que tem o poder de atingir sem piedade suas vítimas. Mas Eros não é mal e nem pretende magoar, ele é apenas inconsequente como uma criança; ele sabe que pode tocar o coração, mas não sabe que amar pode doer.

Eros é o amor imaturo que nunca usará a razão. É o amor menino, chamado Cúpido, que nunca chega à idade do discernimento. Porque amar e racionalizar não são dois verbos que se juntam; e a alma do menino tem muita vontade de afeto e pouco entendimento. E cada vez que se fala do amor, o Cupido retorna na forma de um coração com suas flechinhas atravessando os corações que diz:

Amor é um fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente.
É
um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer
e aperta o coração da gente!...




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