Mitologia Grega
Rômulo e Remo, os fundadores de Roma
Numa tarde de verão, um pastor ouviu as vozes de crianças. Indo ao local de onde vinha aquele som, deparou-se com duas crianças brincando com uma loba. Ao final do dia, vendo que a loba dormia, levou as crianças consigo pois ele não tinha filhos. Assim, Faustulo e Aca Larência criaram os gêmeos como filhos legítimos e deram-lhe os nomes de Rômulo e Remo.
Os gêmeos viviam felizes junto ao pastor e seu rebanho até que um vizinho roubou-lhes uma ovelha. Remo foi queixar-se com o Rei Amúlio que ficou muito impressionado com a eloquência e porte guerreiro do jovem. Ao saber que ele tinha um irmão gêmeo, o soberano pressentiu que aquele era um dos filhos de Ares e sua sobrinha Réia Silvia dos quais ele havia usurpado o trono, por isso mandou encarcerar o jovem.
Rômulo, sendo orientado por Ares - deus da guerra e seu próprio pai, reuniu valentes guerreiros e iniciou uma luta contra o Rei Amulio que foi morto. O fim do reinado do usurpador chegou ao fim. Rômulo libertou seu irmão Remo e sua mãe Réia Silvia das masmorras do palácio e restituiu o trono de Alba longa ao seu avô Numitor. Ao subir ao trono de Alba Longa, Numitor autorizou que os netos construissem uma cidade às margens do Rio Tibre.
Remo foi para o Monte Aventino e Rômulo para o Monte Palatino. Eles esperavam que os deuses lhes enviassem um sinal mostrando o lugar mais favorável. Quando Rômulo viu que 12 abutres sobrevoavam o Monte Palatino, ele entendeu que ali deveria ser a cidade. Imediatamente ele começou a preparar o terreno onde edificaria o reino, mas ao ver que seu irmão fazia o trabalho sozinho, Remo sentiu-se excluído.
Provocando o irmão, Remo criticava todas as iniciativas e obras realizadas até que certo dia num acesso de fúria Rômulo atacou o irmão que caiu mortalmente ferido. Ao ver o sangue de Remo, Rômulo deu-se conta do que fizera. Pesaroso e corroído pelo remorso, Rômulo levou o corpo de Remo até o Monte Aventino onde lhe ofereceu as honras fúnebres.
Retornando à sua edificação, Rômulo construiu a cidade com a marca de uma tragédia. Assim nasceu a cidade de Roma, soberana e onipotente ao mundo. Mas após erguer a sua cidade, Rômulo não sabia como povoá-la. Indo até o templo, os ventos sopraram-lhe que deveria abrir a cidade para refugiar todos os marginais da redondeza. Homens vindos de todas as partes começaram a chegar, trazendo suas tristes histórias e a marca dos crimes praticados.
Os desvalidos e criminosos se redimiram formando os primeiros habitantes de Roma, mas a cidade não prosperava porque não havia mulheres e crianças. Nenhuma moça aparecia e nem queria se casar com os ex-condenados, por isso resolveram roubá-las das famílias. Rômulo preparou um grande banquete e convidou os sabinos, um povo que vivia próximo a Roma. Sem suspeitarem do rei romano, os sabinos aceitam o convite levando suas filhas e irmãs. No meio da festa, os romanos agarram as sabinas tomando-as à força. Sem poderem defendê-las, os sabinos fugiram diante da fúria dos romanos.
Os romanos tentavam conquistar as sabinas mas eram repelidos. Diante dos gritos das sabinas, os sabinos resolveram marchar contra os romanos para recuperar as mulheres, no entanto, eles perderam a batalha. Mas Tito Tácio armou uma trama e conseguiu invadir o reino de Roma. Travou-se uma longa batalha até que cansadas da guerra, as mulheres sabinas decidiram por fim às batalhas.
Lideradas por Hersília, única jovem que casou-se com um romano e que fora morto na batalha, 600 sabinas se colocaram frente os homens pedindo que finalizassem a guerra. Comovidos com a súplica das mulheres, Rômulo e Tito Tácio abandonaram a luta se unindo numa cidade comum. Juntos eles passaram a reinar sobre a cidade apagando os antigos ódios.
Tempos depois Tito Tácio entrou em conflito com os Laurentinos e foi morto. Rômulo lhe ofereceu todas as honras fúnebres mas não quis vingar sua morte. Rômulo decidiu que Roma deveria viver em paz. Rômulo, o 1º rei de Roma, viveu solitário sem mulher e sem filhos. Certo dia, uma grande tempestade se abateu sobre a cidade, derrubando casas, inundando os campos e ruindo os palácios. Durante a tempestade, Rômulo desapareceu e nunca mais foi encontrado. A lenda de Rômulo deu à Roma uma origem nobre e imortal.
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O mito de Rômulo e Remo representa a fundação da cidade de Roma. A lenda de Rômulo serviu para dar a Roma uma origem nobre e imortal, enquanto confronta a supremacia da cultura grega sobre a romana. Alguns relatos do mito são de fatos verdadeiros, como a presença dos sabinos ao lado dos latinos, na povoação primitiva de Roma. Mas a lenda de Rômulo identifica-o como descendente dos troianos, oriundos da cidade da Ásia Menor, Tróia, destruída pelos gregos após uma sangrenta guerra que se estendeu por dez anos.
O mito também nos remete a um episódio entremeado de ódio e remorso. A palavra remorso tem origem latina; remorsus do verbo remordere, que significa tornar a morder que está relacionado a dilacerar, atacar, ferir, torturar e atormentar. A própria etimologia da palavra nos mostra como é doloroso esse sentimento e da angústia que acompanha aquele que o sente. É a consciência de ter agido mal, geralmente acompanhado do arrependimento, culpa e lamentação.
O remorso é um sentimento sobre os acontecimentos e atitudes do passado. É a sensação do que não deveria ter sido feito ou dito. É ponto de sintonia entre o devedor e o credor. Pode ser também um sinalizador da preocupação ou de que deveríamos nos preocupar com algo importante, servindo como aprendizado para que possamos refletir ou fazer melhores escolhas no futuro.
Quando o remorso se torna uma sensação de fracasso ou desapontamento, esse sentimento traz muito sofrimento que pode afetar a nossa vida de forma negativa. Podemos sentirmos impedidos de viver o presente ou nos sentirmos impotentes para usar os nossos recursos internos, impedindo de realizarmos as mudanças positivas em nossa vida. Quando o remorso ultrapassa esses limites, ele deixa de ser produtivo e útil. O remorso pode se tornar uma doença física que se reflete nas dores que se sente no corpo. É o remorso a massacrar o corpo sem que percebamos.
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