Ulisses
Mitologia Grega

Ulisses



Ulisses
Cavalo de Tróia
A figura de Ulisses transcendeu o âmbito da mitologia grega e se converteu em símbolo da capacidade do homem para superar as adversidades.
Segundo a versão tradicional, Ulisses (em grego, Odisseu) nasceu na ilha de Ítaca, filho do rei Laerte, que lhe legou o reino, e Anticléia. O jovem foi educado, como outros nobres, pelo Centauro Quirão e passou pelas provas iniciáticas para tornar-se rei.
A vida de Ulisses é relatada nas duas epopéias homéricas, a Ilíada, em cuja estrutura coral ocupa lugar importante, e a Odisséia, da qual é o protagonista, bem como no vasto ciclo de lendas originadoras dessas obras.
Depois de pretender sem sucesso a mão de Helena, cujo posterior rapto pelo tebano Páris desencadeou a guerra de Tróia, Ulissescasou-se com Penélope. A princípio resistiu a participar da expedição dos aqueus contra Tróia, mas acabou por empreender a viagem e se distinguiu no desenrolar da contenda pela valentia e prudência.
A ele deveu-se, segundo relatos posteriores à Ilíada, o ardil do cavalo de madeira que permitiu aos gregos penetrar em Tróia e obter a vitória.
Terminado o conflito, Ulisses iniciou o regresso a Ítaca, mas um temporal afastou-o com suas naves da frota. Começaram assim os vinte anos de aventuras pelo Mediterrâneo que constitui o argumento da Odisséia.
Durante esse tempo, protegido por Atena e perseguido por Posêidon, cujo filho, o Ciclope Polifemo, o herói havia cegado, conheceu incontáveis lugares e personagens: a terra dos lotófagos, na África setentrional, e a dos lestrigões, no sul da Itália; as ilhas de Éolo; a feiticeira Circe; e o próprio Hades ou reino dos mortos.
Ulisses perdeu todos os companheiros e sobreviveu graças a sua sagacidade. Retido vários anos pela ninfa Calipso, o herói pôde enfim retornar a Ítaca disfarçado de mendigo. Revelou sua identidade ao filho Telêmaco e, depois de matar os pretendentes à mão de Penélope, recuperou o reino, momento em que conclui a Odisséia.
Narrações posteriores fazem de Ulisses fundador de diversas cidades e relatam notícias contraditórias acerca de sua morte.
No contexto da mitologia helênica, Ulisses corresponde ao modelo de marujo e comerciante do século VII a.C. Esse homem devia adaptar-se, pela astúcia e o bom senso, a um mundo cada vez mais complexo e em contínua mutação.
A literatura ocidental perpetuou, como símbolo universal da honradez feminina, a fidelidade de Penélope ao marido, assim como achou em Ulisses e suas viagens inesgotável fonte de inspiração.

Ulisses
Ulisses
Ulisses (também chamado de Odisseu) sabia antes de ir a Tróia que decorreriam vinte anos para o seu retorno à sua ilha rochosa de Ítaca, seu filho Telêmaco e sua esposa Penélope. Permaneceu em Tróia por dez anos e por outros dez singrou os oceanos, naufragou, acabando por ficar desprovido de todos os seus companheiros, freqüentemente com a vida por um fio, até que no vigésimo ano chegou mais uma vez às praias de sua ilha natal.

O Ciclope

Ao deixar Tróia, Ulisses e seus companheiros primeiramente encontraram os Cicônios, cuja cidade eles saquearam, mas em cujas mãos sofreram pesadas baixas.
Estiveram em perigo de perder mais elementos para os Comedores de Loto, hedonistas que nada faziam além de ficarem sentados e comendo as saborosas frutas que os faziam esquecer todos os cuidados e responsabilidades.
Ulisses teve que arrastar a força de volta ao navio aqueles que, entre os seus homens, provaram o loto. Mal tinham se recobrado da aventura quando enfrentaram a seguinte, o encontro com o Ciclope Polifemo.
Os ciclopes eram uma raça de fortes gigantes de um só olho, que ocupavam uma fértil região onde o solo gerava abundantes plantações por conta própria, fornecendo um pasto farto para as gordas ovelhas e bodes.
Ansioso para encontrar os habitantes de tal terra, Ulisses direcionou um navio para o porto e, desembarcando, se dirigiu juntamente com a tripulação à caverna do Ciclope Polifemo, um filho de Posídon.
Polifemo estava fora cuidando de suas ovelhas, assim Ulisses e a tripulação ficaram à vontade, até que ele retornou com o seu rebanho ao crepúsculo. O Ciclope era forte. Monstruoso e terrível e após algumas poucas perguntas sobre a origem e o que desejavam seus hóspedes inesperados, agarrou dois deles e fez seus miolos saltarem ao chão antes de devorá-los.
A seguir o Ciclope sentiu-se sonolento; Ulisses considerou esfaqueá-lo até a morte, mas desistiu da idéia quando percebeu que a fuga seria impossível, pois a entrada da caverna tinha sido bloqueada com uma grande rocha, a qual o Ciclope podia erguer com uma só mão, mas seria impossível de mover mesmo com a força combinada de Ulisses e seus companheiros.
O Ciclope comeu mais dois homens de Ulisses como refeição matinal e então saiu, tomando o cuidado de recolocar a grande pedra na entrada da caverna.
O inteligente Ulisses não demorou a montar um plano de ação. Ele aguçou a ponta de uma grande estaca de madeira que havia no chão da caverna e endureceu sua ponta ao fogo.
Ao cair da tarde quando Polifemo retornou à caverna, Ulisses ofereceu-lhe uma tigela de forte vinho para acompanhar sua ração de marinheiros gregos. O Ciclope bebeu o vinho com entusiasmo e pediu para que a tigela fosse reenchida três vezes. Então, num estupor de embriaguez, deitou-se para dormir.
Antes de dormir, perguntou o nome de seu hóspede, e Ulisses respondeu que era "Outis", ou seja, "Ninguém" em grego; o Ciclope prometeu que em retribuição pelo vinho comeria "Ninguém" por último.
Assim que o monstro dormiu, Ulisses aqueceu a ponta da estaca ao fogo; quando ela ficou em brasa ele e quatro de seus melhores homens enterraram a ponta no olho único do Ciclope. O olho emitiu um chiado, semelhante "ao alto silvo que sai de um grande machado ou enxó, quando o ferreiro coloca a peça dentro da água para conferir-lhes têmpera e dar força ao ferro". O Ciclope, rudemente acordado pela dor terrível, urrou e rugiu, chamando seus vizinhos, os outros Ciclopes, para que viessem ajudá-lo. Mas quando estes se agruparam do lado de fora de sua caverna e perguntaram quem o estava incomodando, quem o tinha ferido, sua única resposta foi que Ninguém o incomodava e Ninguém o estava ferindo; assim eles acabaram perdendo o interesse e se retiraram.
Ao amanhecer, Ulisses e seus homens se preparam para fugir da caverna; cada homem foi amarrado embaixo de três grandes ovelhas, enquanto Ulisses alojou-se sob o líder do rebanho, um grande carneiro com magnífica lã.
O Ciclope cego afastou a pedra e sentou-se à entrada da caverna, tentando agarrar a tripulação de Ulisses que estava saindo juntamente com as ovelhas, mas estes passaram a salvo por suas mãos, Ulisses por último.
Guiando as ovelhas para o seu navio, eles trataram de zarpar rapidamente, apesar que Ulisses não resistiu zombar do Ciclope, que respondeu atirando pedaços de penhascos na direção de sua voz, alguns chegando a cair muito próximos do barco.
Assim, Ulisses reuniu-se ao restante da esquadra e, enquanto os marinheiros pranteavam os companheiros perdidos, consolaram-se com as próprias ovelhas que tinham auxiliado sua fuga da caverna.

Eólia

Da ilha do Ciclope, Ulisses velejou até que chegou à ilha flutuante de Eólia, cujo rei, Éolo, tinha recebido de Zeus o poder sobre todos os ventos.
Éolo e sua grande família receberam Ulisses e sua tripulação de maneira hospitaleira, e, ao chegar a hora da partida, Éolo deu aUlisses uma bolsa de couro na qual tinha aprisionado todos os ventos tempestuosos; a seguir, invocou uma boa brisa para o oeste que levaria os navios a salvo para casa, em Ítaca. Eles velejaram no curso por dez dias e estavam à vista de Ítaca quando o desastre os atingiu.
Ulisses, que tinha ficado acordado toda a jornada segurando o leme do barco, caiu num sono exausto, e sua tripulação, não sabendo o que havia na bolsa de couro, começou a suspeitar que continha um valioso tesouro que Éolo teria dado a Ulisses.
Ficaram enciumados, sentindo que tinham enfrentado as situações difíceis com Ulisses, devendo também compartilhar suas recompensas: acabaram por abrir a bolsa e acidentalmente libertaram os ventos. Ulisses acordou no meio de uma medonha tempestade, que soprou o navio de volta a Eólia. Desta vez a recepção dada a Ulisses e a seus companheiros foi bastante diferente. Eles pediram que Éolo lhes desse uma nova chance, mas, este declarando que Ulisses devia ser um homem odiado pelos deuses, negou-se terminantemente a ajudá-los, mandando embora Ulisses e seus companheiros.

Circe

Na sua seguinte chegada à terra, Lestrigônia, todos os navios, com exceção o de Ulisses, foram perdidos num calamitoso encontro com os monstruosos habitantes; assim foi num estado considerável de pesar e depressão que Ulisses e seus camaradas sobreviventes viram-se na ilha de Aca.
Desembarcando, permaneceram deitados dois dias e duas noites na praia, completamente exaustos pelos seus esforços e desmoralizados pelos horrores que tinham passado.
No terceiro dia, Ulisses levantou-se para explorar a ilha, e a partir de um outeiro percebeu fumaça saindo de uma habitação na floresta. Decidindo prudentemente a não fazer um reconhecimento imediato, retornou ao barco para contar a novidade aos companheiros.
Previsivelmente ficaram amedrontados, lembrando dos Lestrigões e do Ciclope, mas, como Ulisses estava determinado a explorar, dividiu sua companhia em dois grupos, um comandado por ele próprio e o outro por um homem chamado Euríloco.
Os dois grupos tinham a sorte e a tarefa da exploração recaiu em Euríloco, enquanto Ulisses permaneceu no navio. O grupo de Euríloco acabou chegando à casa na floresta. Do lado de fora existiam lobos e leões, que cabriolavam e faziam festas aos homens; eram de fato seres humanos que tinham sido transformados em animais pela feiticeira Circe, cujo lindo canto podia ser escutado no interior da casa. Quando os marinheiros gritaram para chamar sua atenção, saiu e os convidados a entrar; apenas Euríloco, suspeitando de algum truque, permaneceu do lado de fora. Circe ofereceu comida aos homens, no qual continha uma droga que os faria esquecer de sua terra natal; quando terminaram de comer, os tocou com sua varinha e os conduziu ao chiqueiro, pois agora possuíam a forma externa de porcos, apesar de infelizmente lembrarem quem realmente eram.
Em pânico, Euríloco voltou correndo ao navio para relatar o desaparecimento de seus companheiros. Ulisses ordenou que o levasse de volta à casa de Circe, e quando se recusou, partiu só para o resgate.
No seu caminho através da ilha, encontrou Hermes, disfarçado como um jovem; o deus deu-lhe uma planta mágica, a qual, misturada com a comida de Circe, seria um antídoto para sua droga; também o instruiu como lidar com a feiticeira: quando Circe o tocasse com sua varinha, deveria avançar sobre ela como se para matá-la; ela então recuaria com medo e o convidaria a compartilhar de sua cama. Deveria concordar com isso, mas deveria fazê-la jurar solenemente a não tentar truques enquanto estivesse vulnerável.
Os fatos se passaram como Hermes tinha previsto. Após terem ido para a cama, Circe banhou Ulisses e o vestiu com roupas finas e lhe preparou um suntuoso banquete, mas Ulisses sentou-se numa abstração silenciosa, recusando toda a atenção. Circe acabou lhe perguntando o que estava errado, e disse-lhe que ela não poderia esperar que estivesse de corpo e alma na festa enquanto metade de sua tripulação estava chafurdando no chiqueiro. Então Circe libertou os novos porcos de seu confinamento e os untou com ungüento mágico. Seus pêlos rijos caíram e se tornaram novamente homens, porém mais jovens e mais bonitos do que tinham sido antes. Ulisses e seus homens choraram com alívio e alegria e pararam apenas quando Circe sugeriu que deveriam chamar o restante de sua companhia para que se juntassem à celebração. Ficaram com Circe por todo um ano, comendo, bebendo e se divertindo, esquecendo os percalços que tinham passado.

O Mundo Inferior

Eventualmente, Ulisses foi lembrado por alguns dos companheiros que talvez fosse tempo de se pensar em Ítaca.
Circe avisou-o que antes de zarpar para casa deveria primeiro visitar o Mundo Inferior (ou reino dos mortos) para consultar o profeta tebano Tirésias: apenas Tirésias poderia dar-lhe instruções para seu retorno. Assim, Ulisses velejou com seu navio através do Rio de Oceano e atracou o barco perto do bosque de choupos de Perséfone. Lá, na margem, cavou uma vala na qual colocou libações aos mortos, compostas de mel, água, leite e vinho; sobre a vala cortou a garganta de um carneiro e de uma ovelha negra. Atraídos pelo cheiro de sangue, as almas dos mortos surgiram para beber, mas Ulisses sacou sua espada e os manteve a distância, esperando pelo aparecimento da alma de Tirésias. O primeiro a aparecer foi um elemento de sua tripulação, Elpenor, que tinha caído do teto da casa da Circe onde estava dormindo na manhã da partida e o qual, na ânsia dos outros em partir, tinha ficado sem enterro nem velório; Ulisses prometeu resolver este caso assim que possível. Quando Tirésias apareceu, Ulisses o deixou beber o sangue, e o profeta então disse-lhe que havia uma boa possibilidade para seu retorno a salvo para casa, mas deveria certificar-se em não pilhar o Rebanho do Sol na ilha de Trinácia; também o alertou sobre a situação que encontraria em Ítaca, onde pretendentes astutos estavam cercando sua fiel esposa Penélope.
Após ter ouvido o que Tirésias poderia contar-lhe, Ulisses deixou outras almas se aproximarem e beber o sangue, o que lhes possibilitou conversar com Ulisses.
A primeira que surgiu era sua velha mãe, que relatou-lhe como tinha morrido e fez um triste relato do estado lamentável de seu pai Laerte e os bravos esforços de Penélope para repelir seus pretendentes. Ulisses, tocado pelo pesar e desejando confortar tanto a si próprio como a sua mãe, tentou três vezes abraça-la, mas nas três vezes se desvaneceu entre seus braços e o deixou segurando o ar. Outras heroínas aproximaram-se e conversaram, e a seguir veio Agamenon, que contou a Ulisses sobre sua morte sangrenta, confortando-o com a idéia que Penélope nunca agiria como Clitemnestra. Aquiles também se aproximou, e Ulisses saudou-o como o homem mais afortunado que já havia vivido, um poderoso príncipe entre os vivos e os mortos. Aquiles respondeu que preferiria ser um escravo vivo do que um rei morto, mas Ulisses o consolou com notícias das façanhas de seu filho Neoptólemo, e partiu feliz.
Durante esta visita Ulisses viu alguns dos famosos componentes do mundo dos mortos; Sísifo eternamente empurrando sua grande pedra montanha acima, com ela escorregando de volta assim que chegava ao topo; e Tântalo, enfiado até o pescoço dentro de uma pequena lagoa com água, a qual desaparecia quando se inclinava para bebê-la, com ramos de frutas pendentes sobre sua cabeça que sumiam quando ele tentava alcança-las.
Ulisses queria ver mais, e encontrou o fantasma do poderoso Hércules, mas antes de poder encontrar outros heróis de gerações anteriores, foi assustado por uma grande onde de mortos que vieram aos milhares em sua direção e elevaram a sua volta seus brados lúgubres e dolorosos; em pânico, retornou ao navio, soltou as amarras e cruzou de volta ao mundo dos vivos.

As Sereias, Cila e Caribde

Ulisses retornou à ilha de Circe, e assim que Elpenor foi adequadamente sepultado, Circe deu a Ulisses mais instruções para a sua jornada e para prepará-lo para os males que ainda estavam por vir. O navio velejou primeiro para a ilha das Sereias, terríveis criaturas com cabeças e vozes de mulheres, mas com corpos de pássaros, que existiam com o propósito de atrair marinheiros para as rochas de sua ilha com doces canções. Quando o barco se aproximou, uma calmaria mortal se abateu sobre o mar, e a tripulação utilizou os remos. De acordo com as instruções de Circe, Ulisses tampou os ouvidos da tripulação com cera, enquanto ele próprio foi amarrado ao mastro, de modo que pudesse passar a salvo pelo perigo e ainda ouvir a canção.
"Venha para perto, Ulisses", cantavam as Sereias: Ulisses gritou para seus homens para que o soltassem, mas remaram resolutamente para a frente, e o perigo acabou passando.
A próxima tarefa era navegar os dois locais perigosos de Cila e Caribde. Caribde era um terrível redemoinho, que alternativamente sugava e aatirava para cima a água; os marinheiros prudentes que escolheram evitá-lo foram forçados a encontrar, ao invés, a igualmente terrível Cila. Cila ocultava-se numa caverna localizada no alto de um rochedo, disfarçada pela névoa e vapor de água dos vagalhões abaixo; possuía doze pés que balançavam no ar e seis pescoços, cada um equipado com uma monstruosa cabeça com três fileiras de dentes. Da sua caverna exigia uma taxa de vítimas humanas dos barcos que passavam abaixo.
Ulisses, alertado por Circe, decidiu não contar a seus marinheiros sobre Cila; passando mais ao largo possível de Caridbe, eles passaram diretamente abaixo do rochedo de Cila, e, apesar de Ulisses estar armado e preparado para lutar com ela pela vida da tripulação, conseguiu escapar de sua vigilância e teve sucesso em arrebatar seis vítimas aos berros.

O Rebanho do Sol

A seguir, o navio aproximou-se da ilha de Trinácia, um local de pasto farto onde Apolo mantinha seu rebanho do gado gordo.
Ulisses tinha sido alertado tanto por Circe como por Tirésias que, se esperava alcançar Ítaca vivo, deveria evitar este local e, a qualquer custo, não tocar neste gado. Explicou isto a seus homens, mas, cansados e deprimidos pela perda de mais seis camaradas, insistiram em lançar âncora e passar a noite na praia.
Deparando-se com um motim, Ulisses tinha poucas opções além de concordar, mas os fez jurar que deixariam o gado em paz. Naquela noite formou-se uma tempestade, e por todo um mês o vento soprou do sul, sendo impossível continuarem sua viagem.
Enquanto possuíam as provisões que Circe tinha lhes dado, os homens mantiveram sua promessa e não tocaram no gado. Mas sua comida acabou por terminar e, movidos pela fome, aproveitaram a oportunidade de uma ausência temporária de Ulisses para abater alguns dos mais belos exemplares do rebanho; consideravam que se os sacrificassem em honra dos deuses, os deuses dificilmente ficariam irados.
Ulisses retornou sentindo o odor da carne assada; repreensão era inútil, pois o mal estava feito, e os deuses estavam determinados a vingar o crime. Quando a carne terminou, o vento amainou, assim o navio pode zarpar; mas nem bem estava no mar quando uma terrível borrasca surgiu e o barco foi primeiramente esmagado pela força das ondas, e a seguir feito em pedaços por um raio. Toda a tripulação se perdeu, salvo o próprio Ulisses, que conseguiu agarrar-se aos destroços do mastro e quilha, no qual permaneceu por dez dias até que foi jogado nas areias da ilha de Pgigia, morada da linda ninfa Calipso.

Calipso

Calipso tornou Ulisses seu amante e ficou com ela por sete anos, pois não tinha meios de escapar. A deusa Atena acabou enviando Hermes, mensageiro dos deuses, para explicar à ninfa que era chegada a hora de deixar seu visitante seguir seu caminho. Calipso, apesar de relutante em perdê-lo, sabia que devia obedecer, assim forneceu a Ulisses material para a confecção de uma jangada, deu-lhe comida e bebida e invocou um vento suave para levá-lo de volta a Ítaca.
Sem incidentes, aproximou-se da terra dos Feácios, grandes marinheiros que estavam destinados a levá-lo na última etapa de sua viagem.
Mas então Posídon interviu: detestava Ulisses pelo que tinha causado a seu filho, o Ciclope Polifemo, e agora estava irado por vê-lo tão próximo do fim de sua jornada. Então, enviou outra tempestade, que partiu o mastro da jangada e a deixou ser levada pelo vento.
Como o vento norte na época da colheita arremessa pelos campos uma bola de cardo, o mesmo ocorreu com a sua jangada, indo para cima e para baixo sobre as ondas. Agora o Vento Sul o jogaria para o Norte como um jogo, e agora o Leste o deixaria para ser perseguido pelo Oeste.
Ulisses foi salvo da morte certa pela intervenção da ninfa marinha Ino. Ela deu-lhe seu véu, instruindo-o a atá-la ao redor da cintura e então a abandonar o barco e se dirigir para a praia. Como uma grande onda despedaçou sua jangada, Ulisses fez o que tinha lhe sido dito. Por dois dias e duas noites nadou em frente, mas no terceiro dia alcançou as praias de Feácia e acabou conseguindo chegar à costa rochosa na foz de um rio. Atirou o véu de Ino de volta ao mar e deitou-se numa moita espessa para dormir.




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