Unicórnio, a doce e cruel ingenuidade
Mitologia Grega

Unicórnio, a doce e cruel ingenuidade




O Unicórnio é um ser fantástico descrito pela primeira vez pelo médico grego Ctésias, há mais de dois mil anos. De acordo com Ctésias, o unicórnio seria nativo de terras indianas, um animal forte, veloz e que apresentava um temperamento hostíl. Alguns emitiam ruídos graves. Segundo relatos, o unicórnio com pêlos brancos tinha o tamanho de um jumento com um único chifre espiralado no meio da testa. Em algumas espécies esse chifre era branco na base, preto no meio e vermelho-vivo na ponta.

Seu nome se origina de duas palavras: Unus que significa Um e Cornus que significa Chifre. Símbolo da pureza,
esperanca, amor, majestade, poder, honestidade, liberdade e de todos os bons sentimentos do ser humano, esse ser selvagem e indomesticável somente se curvava às virgens inocentes e puras; deitava-se sobre o colo dela e adormecia, deixando-o indefeso aos caçadores. Eles habitavam os jardins sem lugar específico e se escondiam onde não havia perigo.

Citado na mitologia grega, romana e oriental, também foi mencionado na Biblia nos Salmos 22:21, 29:6 e 92:10. Notável
por sua anatomia e habilidade, a verdadeira força do Unicórnio estava em seu chifre e a crença popular lhe atribuia poderes magicos de cura. Na época medieval, o chifre pulverizado era usado para curar picadas ou mordidas venenosas, ataques de vermes, perda de memória e muitas outras moléstias. Tão arraigada era a crença no poder mágico do Unicórnio, que o chifre pulverizado continuou a ser utilizado por farmacêuticos ate o século 17.

Dizia-se que o chifre cobria-se de suor quando colocado junto de alimentos envenenados, sendo usado para detectar
veneno nas cerimônias das côrtes europeias ate 1789. Também segundo reza a lenda, possuia incríveis poderes mágicos e um cálice feito do chifre propiciava proteção a quem bebesse nele. O chifre era um talismã de poder soberano, mas sua força e virtude só podiam ser ativadas através de outro unicórnio.

No chifre residia a história total do Unicórnio e também era recipiente de seus pensamentos. Em horas de perigo ou de
concentracão prolongada, o chifre podia exalar certo brilho ou um esplendor suave, porém sua luz diminuia até se extinguir quando nas mãos de outros. Para a proteção do unicórnio não podemos ver o seu chifre, por isso ele pode ser confundido com um simples cavalo.

Como símbolo extraordinário de excelência, diz a lenda que o primeiro Unicórnio chegou na Terra embrulhado em uma
nuvem. Desceu com suavidade dos céus aos campos infantis da Terra. Dotado de um chifre de luz em espiral, com seu chifre penetrou uma pedra e fêz brotar a fonte da vida. A Terra comecou a ser fecundada e grandes arvores floresceram; abaixo em suas sombras foram povoadas com bestas selvagens.

Tudo isso era intencão de Deus e o Unicórnio, o
instrumento de seu querer. Deste modo se formou o Jardim do Unicórnio chamado de Shamagim, que quer dizer Lugar onde há água. E Deus lhe deu uma mensagem: " Unicórnio, você será entre todas minhas criacões a que, em memória permanente da Luz, será seu guia e guardião mas você nunca devolverá a Luz até o final do Tempo".

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Considerado um equino fabuloso e benéfico, o unicórnio é associado às virgens e a todos os inocentes, ingênuos e puro
em seus sentimentos, por isso, o mito relata que a única pessoa capaz de domar um unicórnio era uma donzela pura. Através da sua intemperança e incapacidade de se dominar, diante das donzelas, o Unicórnio esquece a sua ferocidade e selvajaria. Ele põe à parte a desconfiança, aproxima-se da donzela e adormece em seu colo. Assim se torna vulnerável aos caçadores.

O mito nos remete à inocência e à ingenuidade. A compreensão da vida nos dias atuais torna-se mais complicada para
todos aqueles que veem com ingenuidade e inocência tudo a seu redor. A ingenuidade é uma inocência franca. A pessoa ingênua traz consigo um traço quase infantil, pois é na infância que a criança demonstra sua ingenuidade a ponto de não temer o perigo, afinal, não consegue mensurá-lo com sua inocência.

A ingenuidade é uma atribuição do espírito que dificulta a percepção de acontecimentos maldosos e maledicentes. Todas as criaturas ingênuas são pessoas boas que olham o mundo e as demais pessoas sem maldade, assim como uma criança. Com isso sofrem mais, pois se decepcionam com facilidade, recebem fortes golpes da vida que é dura e rigorosa, além de que pessoas sem princípios se aproveitam delas.

É pela boa índole da criatura que a ingenuidade se propaga, provém do espírito bom que não consegue enxergar a
maldade que existe por toda parte. Tais criaturas se voltam às boas ações e às gentilezas que dispensam a todos de igual forma, o que muito as dignificam. Porém, sem prudência, precaução e cautela, ignorando a existência das crueldades que existem no mundo e nas pessoas, podem ser duramente surpreendidas.

Diariamente somos inundados por inúmeras promessas de curas milagrosas, métodos de leitura ultra-rápidos, dietas
infalíveis, riqueza sem esforço, "trago seu amor de volta em 3 dias" etc. A maioria aparece trasvestida com alguma roupagem científica, linguagem rebuscada, aparente comprovação, depoimentos de pseudos-renomados pesquisadores etc. São casos típicos que, utilizados com má fé, são destinados a usurpar o dinheiro de pessoas que ingenuamente acreditam em evidências casuais e rumores.

Mas nem sempre o usurpador é o único culpado. A ingenuidade perversa é atraente para as pessoas pelo temor e pela cobiça. Elas temem que não superarão suas feridas, temem um mau resultado e então procuram encontrar um quebrador de maldições para evitar um destino ruim. Elas ambicionam o sucesso e a riqueza sem esforço. Temendo não serem capazes de produzir algo ou superar seu estado de infelicidade, elas desejam que alguém solucione seus problemas sem que elas tenham de se esforçar para isso.

A criatura puramente ingênua precisa de buscar orientação para conhecer as maldades da vida. Assim como a criança que precisa dos pais para a alertarem do perigo, a pessoa ingênua necessita buscar uma visão mais prática deste mundo, ora experimentando a doçura que tem em ver o mundo azul, florido e cheio de amor, ora tendo um ceticismo, capaz de levá-la a colocar os pés no chão. Na verdade, a busca da harmonia entre esses dois lados é constante. É preciso ter os pés no chão para não se deslumbrar com a vida mas também a doçura para não se tornar amarga.

Nos relacionamentos, é essencial formar uma parceria sem domínio, onde as partes envolvidas em situações diferentes podem auxiliar-se mutuamente. Caminhar junto em direção à meta consciente do esclarecimento espiritual, onde os opostos descobrem que são absolutamente complementares. Um pode aprender a olhar um pouco com os olhos do outro e, assim, forma-se um equilíbrio onde nem a ingenuidade total nem a maldade imperam, mas sim, o bom senso e o equilíbrio.

O mito nos mostra que não devemos nos deixar levar pelas falsas belezas da vida e tampouco pelas agruras que ela nos oferece. Sejamos práticos quando necessário e doce quando for possível. Seguir o caminho da verdade é saber reagir com indiferença às ingratidões, sem esquecer que quem faz o bem ou faz o mal, a si mesmo estará fazendo. O ânimo que traz o esclarecimento espiritual nutre a nossa alma, e mostra que não perder totalmente a ingenuidade, é não perder a confiança de que um dia a humanidade evolua.




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